{UMA HISTÓRIA PARA O HALLOWEEN}





A Maldição do Espelho

Havia séculos atrás aqueles que acreditavam que os espelhos tinham o poder de aprisionar a alma das pessoas, velhas superstições tolas, claro que nada disso era real.
Até que se tornou real, ao investigar uma série de antigos casos sem solução a detetive Flora se defrontou com a improvável verdade, cinco mortes, cinco garotas diferentes, morando em estados diferentes, com uma única conexão, a posse de um espelho.
Depois de uma extensa investigação ainda sem qualquer nova informação relevante para um encerramento dos casos, a detetive começa a se questionar em relação as crenças e histórias mirabolantes que circundam o dito espelho.
A detetive Flora era uma pessoa cética, não acreditava em nada que não poderia ser explicado pela ciência e lógica, sua personalidade tenaz e prática a levou a reabrir esses casos, aos trinta e cinco anos com um divorcio complicado a tira colo, com um passado de abusos, ela queria ajudar aa desvendar o mistério por trás da morte dessas jovens mulheres, assim como impedir que uma nova vitima pudesse ser feita.
Cada um dos casos que  aconteceu nos últimos cinco anos, em uma noite muito especifica para ser coincidência apenas, o dia trinta e um de outubro, considerado o dia das bruxa, e todos esses pequenos detalhes corroborava com as fantasias sinistras criadas pelo luto e dor das famílias.
Ela era uma excelente detetive, com um histórico impecável de êxito em seus mais de dez anos como investigadora da polícia, mas mesmo com uma intensa entrevista com as família, nada novo pode ser acrescentado aos casos.
E para piorar sua situação ela estava completamente sozinha em sua empreitada, nenhum de seus colegas acreditava que havia algo à mais nessas histórias que uma onda de suicídios em massa, mas como explicar a falta de qualquer tipo de toxina em seus organismos, ou o fato de nenhuma delas ter lesões ou machucados que pudessem ser fatais em seus corpos.
A detetive foi pessoalmente falar com os médicos legistas responsáveis pelas autopsias das cinco moças, e as respostas eram as mesmas, as jovens morreram do coração, seus corações saudáveis sofreram uma carga de estresse tão grande que parou de funcionar, eles não tinham ideia do que poderia fazer algo desse tipo, algumas drogas eram capaz disso, mas não havia rastro dos componentes químicos.
A detetive Flora descobriu o paradeiro do espelho em uma loja de antiguidades, dirigindo os quase duzentos quilômetros para chegar até o local, foi recepcionada por uma senhora de cerca de cinquenta anos, com longos cabelos brancos, vestida como uma hippie dos anos 70, sua fala ao atender a detetive era suave e cadenciada.
Na loja tinha disposto vários móveis antigos de madeira maciça e ferro batido, assim como objetos holísticos, globos de vidro, pedras, joias, incensos e velas queimavam criando uma atmosfera exótica ao ambiente, a mulher e a loja tinham um charme próprio.
Quando a detetive perguntou sobre o espelho, algo sombrio passou pela face da mulher encobrindo a passividade.
- O espelho não está a venda. - A senhora falou em um tom aborrecido. - se é somente isso você pode ir.
- Eu não quero comprar ele. - rebateu a detetive em tom contido. - Gostaria apenas de ver ele, se você me permitir. 
- Por que você quer ver um espelho qualquer? - Quem perguntou isso não foi a senhora, mas sim uma mulher mais ou menos da idade de Flora qu e havia entrado na loja enquanto elas conversavam, seus traços e da dona da loja eram parecidos, mas a recém chegada vestia um terninho, ela parecia bem séria e confiável.
- Eu estou investigando uma série de mortes que está de algum modo conectado ao espelho. - A detetive achou melhor falar sinceramente com a mulher, ela parecia mais razoável que a senhora, que agora andava de um lado para o outro murmurando consigo mesmo, "Não vai levar", "Não vai levar meu espelho", que foi o que a detetive consguiu distinguir das palavras ininteligíveis do discurso dela.
- Podemos conversar em outro lugar detetive? - perguntou a mulher também observando a senhora.
As duas mulheres caminharam em silêncio até um café na esquina da rua, estudando uma a outra, fazendo pequenas considerações mentais uma da outra e do que poderiam falar sem comprometer o bom senso, elas sentaram e pediram café puro.
- Descupe minha mãe, ela anda meio aérea e paranóica desde que recebeu aquele espelho para vender. - a mulher de terno começou a conversa. - Eu sou Caroline.
- Detetive Flora Danver. - ela deu um gole em seu café. - A quanto tempo vocês estão com o espelho?
- Alguns meses, ele foi encontrado no porão da casa que conhecidos meus compraram, não combinava com o estilo moderno que eles pretendiam decorar a casa então eles deram para mamãe tentar vender, mas ela não quer e começou a se comportar de forma estranha. - Caroline deu um leve tremor, uma reação involuntária a algum pensamento. - Você pode me falar sobre essa investigação? Como isso está relacionado ao espelho?
- A investigação começou por que achei estranha a forma que as mortes aconteceram, não haviam vestígios de toxinas ou ferimentos, as famílias das vítimas contaram as mais elaboradas histórias, por isso eu vim atrás de ver o espelho. - contou Flora, deu de ombros. - A única coisa em comum na histórias é o espelho. 
- Minha mãe o deixa trancado no quarto, tem noites que eu a escuto conversando com ele, eu não acreditaria se não tivesse visto com meus próprios olhos a transformação na personalidade dela, ou ouvido os sussurros, mesmo quando não tem ninguém no quarto, tem algo muito errado com aquele espelho e não posso me livrar dele, ela não deixa. - Outro arrepio fez Caroline estremecer, ela falava a verdade, aquele espelho possuía uma energia ruim.
As duas conversaram extensamente sobre suas impressões dos casos, Caroline é advogada e foi solicitada para auxiliar já que sua mãe estava em posse do espelho, elas estavam decididas a tomar uma posição quanto a acreditar ou não, assim como deveriam conduzir a investigação. 
Elas retornaram ao antiquário, enquanto Caroline distraia a mãe, Flora pegou a chave no balcão e foi até o quarto, lá dentro estava tudo escuro, as janelas fechadas com pesadas cortinas, ao acender as luzes, deu com o objeto coberto no meio do quarto, puxou o pano, se espantou com o fato de ser um espelho comum e básico, uma moldura retangular de madeira branca, a detetive esperava garras, assustador, mas apenas a aparência de antiga, combinava com o ambiente minimalista, roupas parcas penduradas em uma arara, uma cama simples de casal, uma me de canto nada muito elaborado.
Examinou o espelho, não havia nada realmente suspeito, nenhum tipo de material de vigilância, nada que sugerisse que uma pessoa estivesse observando e matando aquelas garotas, ela cobriu o espelho de volta e apagou a luz.
Ela ia deixando o quarto escuro quando ouviu, vozes sussurrando suplicante e uma risada aguda e maléfica, um arrepio desceu pela coluna da detetive e ela se apressou em sair e trancar a porta, quase sendo pega pela senhora.
- O que você está fazendo? - ela perguntou em um tom estridente e irritado.
- Estava procurando um banheiro. - mentiu a detetive habilmente. - Pode me informar qual das portas é?
A senhora a acompanhou, esperando enquanto ela fingia usar o banheiro e a escolta de volta para a loja com um olhar distante e uma careta desconfiada, Flora conseguiu colocar a chave no lugar que ela pegou por pouco, então deixou a loja ainda com uma sensação pegajosa e estranha.
Durante a semana a detetive Flora e Caroline combinaram de vigiar o quarto de sua mãe com uma câmera escondida, observando a interação com o espelho, esperando o dia trinta e um de Outubro.
Quando a noite caiu, algo muito estranho começou a acontecer, um som distante como o arranhar de unhas em um quadro, as duas estavam em um quarto ao lado do da dona da loja, assistindo a filmagem da câmera escondida e viram a imagem de uma mulher saindo do espelho deslizando pelo chão.
As duas invadiram o quarto, encontrando a senhora inconsciente no chão, a detetive atirou uma e outra vez contra o espectro do espelho, uma da balas pegou no espelho e estilhaços foram lançados por todos os lados, com um grito a assombração desapareceu no ar.




  

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