{RESENHA}
Anne de Avonlea
No segundo volume da inspiradora história criada pela
canadense Lucy Maud Montgomery, é apresentada uma Anne mais madura e
responsável, ainda a peculiar e imaginativa Anne, mas agora com uma missão
nobre de retribuir o cuidado que Matthew e Marilla Cuthbert.
Ao final do primeiro livro Anne acabara de se formar na
Queen's (uma especie de ensino médio com formação profissional da época, onde
garotas e garotos iam para completar seus estudos e poderiam dar aulas aos mais
jovens) e ganhou uma bolsa de estudos para a universidade de Redmond College.
Só que uma triste tragédia se abate sobre Green Gables e ela
tem que renunciar suas a seus desejos em prol daqueles que ama, ela assume
então as aulas na escola de Avonlea, onde ela estudou a não muito tempo atrás e
inicia sua vida adulta simples, mas feliz e cheia de surpresas.
Novos personagens são acrescentados a narrativa, outros se
vão, mais ou menos como a vida, amo esse dom que os livros possuem de
representar de forma tão esplendida aspectos da vida, nos fazendo questionar e
nos unir aos personagens, sentir suas dores e anseios, alegrias e devaneios.
Green Gables adota duas crianças, Davy e Dora, filhos gêmeos
de uma prima de Marilla que morre, Anne ajuda na criação deles, Davy é um
menino esperto e encrenqueiro, que vivi se metendo em confusão, sua irmã é o
oposto, tranquila e solene, mal parece uma criança pelas descrições.
Anne também encontra mais duas almas gêmeas em Avonlea, Paul
Irving, um de seus alunos mais querido, cuja imaginação e sagacidade compete com
a dela mesma, e a senhorita Lavendar, uma solteirona que vive em uma casa
chamada Ecco house, no coração do bosque e que adora imaginar coisas para
espantar a solidão.
Também conhecemos o Senhor Harrison e Ginger, figuras um
tanto controversas, Harrison comprou a fazenda vizinha a Green Gable e Ginger é
um papagaio que adora xingar, eles acabam se tornando insperados amigos para
Anne, não uma alma gêmea, mas um querido amigo.
Anne está mais sábia, menos dada aos desastres, ainda que
eles a persigam, divertido, fluído e apaixonante, Anne de Avonlea é como uma
bela descoberta, um deleite aos corações adultos que se esquecem um pouco como
é esses passos que nos iniciaram na vida responsável, as escolhas, os medos, as
questões, as buscas, as preocupações, as respostas e as alegrias que permeiam
todo o caminho até onde desejamos chagar, para sermos quem sonhamos ser.
"O dia passou como se fosse um sonhos. Anne jamais conseguiria se lembrar claramente de como foi. Era como se outra pessoa tivesse dado aula, e não ela." (p.44)
"Esse dom que o mundo não pode dar nem tirar, de olhar a vida por
um prisma transfigurador ou revelador? Que faz com que tudo pareça rodeado por
uma luz celestial, contendo uma glória e um frescor invisíveis àqueles
que, como ela e Charlotta IV, viam as coisas somente pela prosa." (p. 276)
Era como se um véu que estivera pendurado diante de sua consciência fosse erguido, revelando sentimentos dos quais ela não suspeitava. Talvez, afinal, o romance não chegasse na vida de alguém com toda a pompa e alarido, como um cavaleiro andante. Talvez chegasse silenciosamente ao nosso lado como um velho amigo. (p.288)
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